No dia em que a Igreja celebra Santa Maria Madalena, refazemos o itinerário místico que a apóstola dos apóstolos representa, e redescobrimos as diferentes figuras de mulheres presentes nos Evangelhos que convergem nela

De acordo com a tradição medieval, a iconografia de Santa Maria Madalena reúne, como peças de um único mosaico, várias mulheres presentes nos Evangelhos. A leitura espiritual que deriva dos Padres, e em particular de Gregório Magno, tem como objetivo trazer à tona, através das diversas figuras femininas que constelam a variada imagem de Maria Madalena, um verdadeiro itinerário místico.

Citada entre as mulheres que seguem Jesus (Marcos 15, 40), como aquela que é libertada de sete demônios (Marcos 16, 9; Lucas 8, 2), presente entre as que vão ao túmulo para ungir o corpo de Jesus, em João ela assume seus aspectos mais importantes: está sob a cruz (João 19, 25), e é a primeira testemunha da ressurreição enviada para anunciá-la aos apóstolos (João 20, 1-18).

Amada por Jesus

A tradição antiga reforça sua intensidade ao incorporar elementos trazidos à luz por outras mulheres. A pecadora que lava os pés de Jesus com suas lágrimas e os seca com seus cabelos (Lucas 7, 36-38); a mulher de Betânia que asperge o frasco cheio de nardo sobre a cabeça de Jesus (Mateus 26, 1-13; Marcos 14, 1-9). Uma história semelhante é repetida em João, onde, no entanto, a mulher é Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro, e ela não espalha na cabeça, mas nos pés de Jesus, secando-os com seus cabelos como na primeira narração (João 12, 1-8).


A profundidade da figura é delineada, assumindo o caráter de um verdadeiro itinerário de transformação que, apesar dos resultados da abordagem filológica histórica, ainda sobrevive nas consciências. O encontro com o amor de Cristo liberta a pecadora, a quem, como resulta nas palavras de Jesus pronunciadas na casa de Simão o fariseu: "seus numerosos pecados lhe estão perdoados, porque ela demonstrou muito amor" (Lc 7, 47). A pecadora, sentindo-se aceita, amou Jesus com um amor ardente e, por isso, foi profundamente perdoada.


As passagens referentes a Maria de Magdala falam de sete demônios, aludindo ao estado de pecado, mas na mulher anônima de Lucas é especificada uma pecadora, o que dá uma conotação precisa ao pecado. Apesar disso, o amor ardente que a une a Jesus faz dela a amada, que na tradição assume vários aspectos, mas que na leitura espiritual indica aquela que vive com Jesus uma íntima comunhão de amor, tão ardente que a leva a compartilhar a paixão, a permanecer sob a cruz, a tornar-se a primeira testemunha ocular da ressurreição.


Fonte: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-07/maria-madalena-jesus-evangelho-amor.html

Para mais informações: https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-07/maria-madalena-jesus-evangelho-amor.html




Deixe seu Comentário